sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Sabiá-Laranjeira

No teu canto de bonitezas
Um resquício de feia tristeza,
Lembranças boas do velho mato
Vôos bem rasos rasgando o pasto,

Mas agora na feia gaiola
Lembranças boas fazem tão mal
E o velho e doce regozijo
Torna o futuro triste e amargo

Faz música de cor brilhante
Mas vive em meio a dor rutilante,
Qual bicho pode ser tão fero
A ponto de metê-lo em ferros?

Ah! Belo Sabiá-Laranjeira
Fazedor de música bela
Superaste a rara harmonia
Das estrelas enamoradas,

Mas a terrível dor no peito
Aclareia o mal que lhe tem feito
O ferocíssimo animal
Em atos e modos brutal

“Aprecia a minha doce música
Tem por muito belo o meu vôo,
Porém, me arranca a liberdade
E atrás das grades me faz chorar.

No meu canto de bonitezas
Algum resquício de tristeza,
Lembranças boas do velho mato
Sem mais vôos a rasgar o pasto.''

domingo, 6 de dezembro de 2009

I

Balançando no espaço
Me faz agora lasso
A abóboda celeste

E a confusão de estrelas
Bonitas e serenas
Para cair fica prestes.

Eu sou recém-nascido
E aqui fora me espera
Grande e louca quimera

Nasço desiludido
Pois sei do balançar
Do arco celestial no ar.

(Vem pobre menestrel:
Eterniza o meu medo
Em sons fortes e ledos
canta por todo o céu...)

Uma estrela má cai
Infeliz procela; ai!
Macula o passo meu.

Oh! Filósofo insano
Explica tanto engano
Pr'um prófugo de Deus.


Eu escrevi esse poema com uns 16 anos, ele é pretensamente escrito em hexassílabos , não sei se consegui, o fato é que na época foi feito assim. É verdade também que eu produzia muito mais naquele tempo , porque eu tinha menos inibições e menos pretensões, menos crivos , portanto produzia mais. É quase certeza que foi escrito de madrugada e acho que é sobre não encontrar 'Aquela' resposta ou sobre já nascer incompreendendo, bem coisa de 16 anos. Acho que farei 16 anos muitas vezes ainda.

Desculpem os erros gramaticais , serão, vergonhosamente, recorrentes.